sexta-feira, 8 de maio de 2009

Então, usa-me, Senhor

Posted on/at 13:19 by Pr. Carlos Jones

TEXTO: (Atos 6.8,10-11; 7.1-60)
TEMA: “Então, usa-me, Senhor

”Introdução:
O tema da Campanha Missionária deste ano não foi proposto por acaso. Há um clamor que vem dos quatro cantos do mundo e esse clamor tem chegado até nós de várias maneiras. Todos os dias assistimos, estarrecidos, as situações extremas que evidenciam a agonia vivida pelas nações: crises, catástrofes, sofrimento, pobreza, misticismo, paganismo... As guerras sinalizam que as sociedades parecem não se entender; a fome é um flagelo que incomoda; doenças como a AIDS têm comprometido o desenvolvimento de muitos países; aquecimento global, violência, decadência moral, crise econômica... Parece que a maioria dos quase sete bilhões de seres humanos do nosso planeta vive seus piores dias.
É curioso, mas na Bíblia não aparece nenhuma vez sequer a expressão “usa-me”, “usa-nos”. Mas o nosso desejo de servir ao Senhor é tão grande que achamos conveniente incluir esta expressão em nosso vocabulário popular evangélico.
Talvez orações do tipo “usa-me, Senhor” estão desaparecendo, na medida que a compaixão pelos perdidos, também desaparece. Cada vez que centralizamos a nossa vida em nós mesmos este tipo de oração “usa-me, Senhor”, será substituída pela oração do tipo “dá-me, Senhor” (roupas, casa, carro, dinheiro, poder).
Quando oramos “dá-me, Senhor”, deveria ser “dá-me, Senhor...” (visão dos perdidos, do trabalho a ser feito, amor pelas almas).
Dificilmente alguém pode orar “usa-me, Senhor” se não estiver pensando em outros ao invés de si mesmo.
Alguém disse que se alguém não serve para alguma coisa, também não serve para nada. Poderíamos parafrasear que se alguém não serve alguém, também não serve a Deus.
Neste mundo voltado para si mesmo, qualquer um que faz algo para os outros é um forte candidato para o prêmio Nobel da paz.
Quanto ao crente, não é preciso prêmio neste mundo, pois somos embaixadores da paz do Evangelho de Cristo Jesus para os pecadores perdidos.
O fato de orarmos “usa-me, Senhor” não significa que saibamos exatamente onde Deus nos quer e é por isso que oramos assim.
Servos de Deus foram usados por Ele. Nem todos eram usados no início, mas todos faziam a vontade de Deus.
Os exemplos de servos de Deus nos motivam a servi-lo, também.
Vejamos os exemplos a serem imitados na vida de Estevão a fim de sermos úteis no serviço de Deus.

I. Estevão não se limitou ao trivial (At 6.8)
(“Estevão, homem cheio da graça e do poder de Deus, realizava grandes maravilhas e sinais entre o povo”.)
Estevão foi escolhido, não para ser apóstolo, pregador da palavra e líder dos crentes, mas para servir as viúvas gregas necessitadas da igreja.
Estevão não deixou de servir a obra social da igreja, mas não se limitou a isso. Logo ele estava agindo como um apóstolo operando sinais pela graça de Deus.
Aquele que ora “usa-me, Senhor” não se limitará ao trivial, aquilo que é sua obrigação, mas irá além.
Talvez alguns crentes pensam que merecem algum prêmio especial de Deus por freqüentarem a igreja regularmente. Ora isso é dever de cada crente. Até mesmo orar é dever de cada crente (Lc 18.1) (“Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar”.)
Servir às mesas era dever de Estevão, mas ele foi além e atirou-se à pregação do Evangelho.
Mãos ao trabalho é dever de cada crente, portanto, é apenas a confirmação de que ele está orando “Senhor, usa-me”. Um passo além é perseguir seu objetivo, sua área de trabalho e permanecer nele.

II. Estevão não se limitou à sabedoria humana (At 6.10)
(“...mas não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava”.)
Todo aquele que deseja ser usado por Deus encontrará inimigos, pois o inimigo maior das nossas almas não quer ver o reino de Deus vitorioso.
Nas horas de confronto, a sabedoria humana não defenderá a sã doutrina, mas a sã doutrina defenderá a igreja de Jesus Cristo.
Estevão não podia ser vencido pelos sábios da época, simplesmente porque ele não estava se defendendo, mas o próprio Espírito é quem batalhava pela doutrina de Cristo.
Quem quer que ore “usa-me, Senhor” deve se colocar na dependência total dEle que dará palavras certas nas horas certas.

III. Estevão não se limitou à justiça deste mundo (Atos 6.11-15)
Os escrúpulos dos homens maus são quase inexistentes. Quem deseja ser usado por Deus, às vezes será injustiçado, caluniado e difamado.
Provavelmente distorcerão nossas palavras, mas tudo isto farão contra Cristo – (“Pois o ouvimos dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deixou".) (v. 14)
O rosto de Estevão não era de ódio, mas de alguém totalmente controlado pelo Espírito Santo (“Olhando para ele, todos os que estavam sentados no Sinédrio viram que o seu rosto parecia o rosto de um anjo”.) (v. 15).
Quem ora “Senhor, usa-me” precisa se acostumar com a idéia que a verdadeira justiça vem de Deus e não esperar muita justiça deste mundo.

IV. Estevão não se limitou ao conhecimento bíblico superficial (Atos 7.1-53)
Os nossos dias estão marcados como os tempos da superficialidade. Muitos sabem muitas coisas, mas ninguém sabe nada. Muitos lêem muitas coisas, mas ninguém lê nada.
Algumas frases marcam a superficialidade do ser humano.
“Quem tem muitos amigos, não tem amigo nenhum”
Quem faz muitas coisas acaba fazendo nada”
Aquele que elogia todo mundo não elogia ninguém”

É possível passar um dia inteiro navegando pelas informações da internet sem obter conhecimento significativo em nada.
Podemos conversar muito sem aprendermos nada sobre a verdadeira piedade.
Estevão não se limitou à superficialidade ao expor seu conhecimento bíblico.
Comparou os judeus de sua época aos apedrejadores de profetas do passado por rejeitarem a Cristo.

Ao orar “Senhor, usa-me” isto também significa anunciar o Evangelho de Cristo com profundidade

V. Estevão não se limitou às glórias deste mundo (Atos 7.54-60)
Muitos esbarram nessa limitação: as glórias deste mundo. É difícil alguém que não queira ser reconhecido pelos homens. Temos uma carência mundana por elogios.
Deveríamos aprender com Jesus. Os judeus não aceitaram a mensagem de Estevão, apesar de toda a exposição bíblico-histórica.
Estevão fitou os olhos em Deus e viu a sua glória e Jesus em pé aguardando-o. A glória de Estevão estava nos céus e por essa glória foi morto, não sem antes perdoar seus inimigos.
Todo servo de Deus que ora “Senhor, usa-me” tem que olhar para Jesus e ter um coração pronto para perdoar.



Conclusão
“Usa-me, Senhor” não é oração comum. Somente os servos como Estevão, conseguem orar assim.
“Usa-me, Senhor” é oração de dependência em Deus. A sabedoria humana não ora dessa forma.
“Usa-me, Senhor” não é o tipo de oração que o mundo aceita. Os que orarem assim sofrerão as injustiças dos perversos.
“Usa-me, Senhor” é a oração daquele que quer se aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus.
“Usa-me, Senhor” é a oração daquele que olha para o alto, não se conformando com as glórias deste mundo.
Todos somos vocacionados de alguma forma. Afinal, todos somos chamados para cumprir a missão, como foi enfatizado na Campanha de 2008 – “Chamado de todos, missão de cada um”.
A vida de cada um é importante na tarefa de anunciar Cristo. As nações clamam. A resposta é individual, como aconteceu com Isaias. Portanto, é urgente que cada servo do Senhor diga: “Então, usa-me, Senhor”.

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